segunda-feira, 7 de março de 2011

Manuscrito de um licantropo

Apresento-vos as primeiras linhas do conto "Manuscrito de um licantropo".


Manuscrito de um Licantropo
I

            Já ouviste falar em algo torvo? Algo confuso e torturante, que estica os nervos de sua ansiedade? Desejas ver o corpo feminino mais belo que possa existir, e uma neblina torna a sua visão torva? Thus...Torvos pensamentos me dominam sobre este lar de sombras. O que não haveria de ser torvo quando se tem diante de si somente uma massa acinzentada moribunda e nojenta, uma massa que passa pela sua garganta e transforma seus órgãos e respiração em cimento? É fácil perder a conta de quantos dias, semanas, meses ou anos se passam, quando se vive em um lugar como esse!
            De fato...Não sei há quanto tempo estou neste terraço imundo, nojento, acinzentado e torvo. Saio apenas uma vez por dia por necessidades de água e carne. A qualquer ser humano, seja por algum motivo divino ou por um monstruoso acaso, que esteja lendo este manuscrito, creio que seja improvável que não faça o seguinte questionamento: “Por que Diabos um ser humano viveria em um lugar desses? Um lugar com gosto de cimento e cheiro de cal? E ainda por cima escrevendo um manuscrito absurdo?” É esse questionamento que responderei nas próximas linhas deste manuscrito absurdo.

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