segunda-feira, 7 de março de 2011

Manuscrito de um licantropo

Apresento-vos as primeiras linhas do conto "Manuscrito de um licantropo".


Manuscrito de um Licantropo
I

            Já ouviste falar em algo torvo? Algo confuso e torturante, que estica os nervos de sua ansiedade? Desejas ver o corpo feminino mais belo que possa existir, e uma neblina torna a sua visão torva? Thus...Torvos pensamentos me dominam sobre este lar de sombras. O que não haveria de ser torvo quando se tem diante de si somente uma massa acinzentada moribunda e nojenta, uma massa que passa pela sua garganta e transforma seus órgãos e respiração em cimento? É fácil perder a conta de quantos dias, semanas, meses ou anos se passam, quando se vive em um lugar como esse!
            De fato...Não sei há quanto tempo estou neste terraço imundo, nojento, acinzentado e torvo. Saio apenas uma vez por dia por necessidades de água e carne. A qualquer ser humano, seja por algum motivo divino ou por um monstruoso acaso, que esteja lendo este manuscrito, creio que seja improvável que não faça o seguinte questionamento: “Por que Diabos um ser humano viveria em um lugar desses? Um lugar com gosto de cimento e cheiro de cal? E ainda por cima escrevendo um manuscrito absurdo?” É esse questionamento que responderei nas próximas linhas deste manuscrito absurdo.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Trevas de Marfim, um prefácio doente

Saudações a todos.

"Trevas de Marfim" é meu primeiro livro solo, lançado no ano de 2010. Apresentar-vos-ei aqui o seu prefácio, mas antes gostaria de ressaltar que ele não é apenas um trecho que prefacia a obra em questão, mas também a representa em sua totalidade como um verdadeiro prefácio a obras posteriores. Eis o motivo de escolha de tão inefável título deste tópico: "Trevas de Marfim, um prefácio doente".

Aqui me despeço. 
Um brinde a vossas leituras misantrópicas!

Prefácio Doente

Da colheita escarlate às sete alcovas:
“Ó sangue que jorrais escandalosamente,
Contaminar-vos-ei suficientemente  para aos lúcidos lábios adoentares?
Contaminar-vos-ei suficientemente nesta alcova de
Corvos e de Vermes,
Para ao lúcido adentrardes?”

Um brinde...

            A esta alcova escarlate...
            Ebenum in profundis,
            Devaneios em lúgubre,
            Sádicas máscaras entorpecidas de marfim...
            Envolventes!
            In profundis...Ególatra!

Um brinde...

            Aos vermes que corroem crânios...
            “A Hamlet!”
            Vermes a que o marfim lhes é saboroso,
            Devorem-no, deliciem-se!


Um brinde aos corvos, e aos seus repugnantes gritos:
           
            “Aprisionar-vos-ei, embriagar-vos-ei,
            Ebenum algidus!
            Um brinde àqueles que colhem e adoentam,
Entre pinturas de ébano e molduras escarlate!”

            Sois, Corvos, a doença!
            Sois diseasers!

            Sois Poetas!

                                                                                Adolph Kliemann